Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
STILL HOUSE PLANTS
O rock tem tendência a morrer, para muitos está morto há tanto tempo que vivem numa permanente nostalgia. Também pode ser possível que a morte para o rock exista como passo essencial para respirar constante renascimento. Por isso, volta e meia, inventam-se coisas para se meter à frente e atrás do rock, seja roll, punk, pós ou indie, e às tantas, quando ainda não se inventou algo ou surge alguém que é totalmente fora de qualquer cena, a ideia mais fácil é enfiá-lo na categoria inventada no passado a que isto mais se assemelha. Isto, neste caso, são os Still House Plants e é fácil de metê-los nos dossiers de no wave ou na matriz pós-rock. Talvez seja tempo de assumir que algum rock que anda a nascer nas escolas de arte britânicas na última década e picos seja outra coisa qualquer. Ao qual nunca se chamou essa outra coisa qualquer devido ao sucesso repentino - digamos comercial - de algumas bandas e isso obliterou por completo o contexto underground da coisa. Descansem, não seremos nós a inventar um nome.
Transparece logo nos Still House Plants a sensação de que ainda falta por ouvir o que se pode fazer com uma guitarra, bateria e voz. Soam a outras coisas do passado, podem ser os DNA, os Slint, os Gastr Del Sol. Incorporam a linguagem jazz de uma forma fresca como não se sentia desde o início do pós-rock. Mas a isso adicionam as estruturas da música glitch, do techno minimal e tempos de música contemporânea. Só que a música de Jessica Hickie-Kallenbach, Finlay Clark e David Kennedy desligou-se da ordem, da necessidade de colectividade ou até de urgência. A bem dizer, está desconectada de tudo, existe na dimensão daqueles que inventam as próprias regras e criam um jogo para poder jogá-lo. Não é ser dono da bola e querer ganhar sempre, não, os Still House Plants apenas dispersam a sensação de coesão que achamos que tem de existir no rock e criam música que flui nesses espaços
E o que se move nesses espaços nem sempre começa - ou acaba - com uma narrativa. Como é bem evidente no álbum que editaram este ano, “if I don’t make it, I love you”, as canções que compõem ouvem-se num contínuo, entre o chegar atrasado à festa ou já estar dentro dela sem nos apercebermos. No fundo, criam música que não se compromete a algo, não faz concessões e afirma-se por aquilo que ensaia e, na realidade, concretiza. E com sentimento, para lá do mero exercício, da frieza da teoria ou de qualquer burocracia, as canções dos Still House Plants vivem a intensidade do momento, escoam êxtase, tristeza e aborrecimento na absoluta certeza de que vivem o presente. Sem favores, “if I don’t make it, I love you” ouve-se como o “Untrue” desta década. Com os fantasmas a viverem dentro de nós, o apocalipse já instalado, a desordem a cobrar-nos todos os favores, os Still House Plants serão tão importantes quanto deixarmos. Eles já fizeram a parte deles, criaram o novo, pintaram o presente sem nostalgia, sem receio do impacto que terá o que fizeram. AS
Abertura de Portas
21h30