Promotor
Associação Zé dos Bois
Breve Introdução
Em finais da década passada, os Blue Bendy surgiram numa Inglaterra que começou a adorar bandas com vários elementos e que reencontravam o rock que uma geração, vinte e tal anos antes, aprendeu a gostar. Alguns singles lançados intermitentemente foram criando antecipação e, sobretudo, projetando a ideia de como funcionariam em estúdio, de como alinhariam uma música feita de minicataclismos com a precisão de estúdio.
A espera terminou com “Mr. Motorbike” em 2023, primeiro single que antecipava “So Medieval”, editado em Abril deste ano. Tal como muitas bandas que têm procurado ideias na fundação do pós-rock (não pela existência da coisa em si, mas pela teoria da coisa), sejam os caroline ou os Still House Plants, o sexteto londrino faz música de pequenos incêndios, tanto a vasculhar nas atmosferas do experimental como a vulgarizar o rock que apenas se quer amigo do Spotify.
São também a aposta de uma editora e distribuidora independente que existe há mais de duas décadas em Londres e que nos últimos três anos decidiu mudar o jogo e fazer apostas que pré-pandemia seriam inimagináveis para si. Há cinco anos, um álbum como “So Medieval” não aconteceria na The State51 Conspiracy, hoje a editora faz parte da conversa e joga em várias frentes, seja pelo trabalho excelso em compilações como “The NID Tapes”, as apostas em Bingo Fury e nos Blue Bendy e, noutra vertente, a dinamização da Factory, sala de concertos no coração de Londres.
Pode parecer assunto paralelo, mas depois de editoras como a Ninja Tune e a Rough Trade dominarem esta conversa, este ano tem-se assistido a uma desordem natural das coisas, com editoras mais pequenas a quererem participar nesta nova expressão do rock inglês: seja a Bison com os Still House Plants ou a State51 com os Blue Bendy.
Faz sentido, por mais natural que seja o antissistema do art-rock, é importante relembrar que este ainda continua a ser rock antissistema, que desafia as normas e procurar dispor novos caminhos para novas audiências. Não é música de nostalgia - como, a certo ponto, a dos Black Country New Road e Black Midi era e é -, mas para um novo público que está à procura destas coisas agora, independentemente das suas origens e de algumas sensações serem repisadas. As emoções, a gestão dos minicataclismos dos Blue Bendy são um atestado de confiança ao rock moderno, convicto de que ainda pode ser explosivo e intencional e crente de que daqui a vinte e tal anos haverá bandas a puxar a ambição porque, certo dia, um desses miúdos ouviu Blue Bendy na altura certa da sua vida. E entusiasmou uns quantos amigos a fazerem barulho com ele. AS
Abertura de Portas
20h30
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