Promotor
Câmara Municipal de Loulé
Sinopse
Enoch Arden Melodrama para narrador e piano de Richard Strauss sobre poema de Tennyson
Basicamente a definição de melodrama refere uma obra, ou parte dela, em que o texto é declamado sobre música. Apesar de algumas óperas terem momentos de melodrama Fidelio ou A mulher sem sombra, por exemplo diversos compositores dedicaram a esta prática musical obras inteiras.
Strauss compõe em 1896/97 sobre texto de Tennyson o melodrama Enoch Arden, para voz e piano. A obra situa-se entre os poemas sinfónicos Assim falava Zarathustra de 1896, e D. Quixote de 1897 e, como estes, pode considerar-se já uma obra de maturidade para um compositor com 33 anos que tinha ainda uma longa e criativa carreira à sua frente. Foi com Enoch Arden que Strauss obteve na altura um sucesso retumbante, ainda maior do que o conseguido com os poemas sinfónicos, tendo efectuado inúmeras tournées com o seu dedicatário, Ernst von Possart, actor e director teatral.
Enoch Arden é um dos mais longos melodramas existentes e um dos mais bem construídos. A temática remete-nos a Ulisses e Robinson Crusoe, mas a melancolia do marinheiro que perde e reencontra a família de novo formada, julgando-o morto, é totalmente romântica e encontra a sua confirmação genial na música de Strauss. O piano dá a chave, por assim dizer, a muitíssima coisa no texto, tornando-se um parceiro indispensável à leitura. Cada personagem tem musicalmente o seu motivo conductor e o entrosamento dos vários temas, tratado com uma modernidade romântica (uso o choque de conceitos propositadamente) típica do compositor, acaba por apontar o caminho a muitas obras cénicas tardias. Trata-se realmente de uma obra prima.
Uma problemática interessante que distingue de forma óbvia a diferença entre a palavra dita e a palavra cantada é que, no primeiro caso, o compositor trata apenas de clarificar o significado do texto segundo a sua leitura pessoal, ouvida na parte instrumental, sem compor tendo em conta directa a sonoridade da língua, como acontece invariavelmente nos textos cantados. Isso dá a actor e pianista uma responsabilidade acrescida uma vez que a música que ilustra o texto fornece a indicação segura do tipo de leitura pretendida, permitindo simultaneamente que este seja proferido na língua do país em que é interpretado sem quase causar dano à leitura feita pelo compositor.
Não admira por isso que Enoch Arden tenha sido abordado por um grande número de declamadores (entre actores e cantores) tão famosos quanto Claude Rains, Bruno Ganz ou Jon Vickers, Dietrich Fischer-Dieskau, Brigitte Fassbaender ou Gwyneth Jones que o interpretaram no original inglês e na tradução alemã, e pianistas como Glenn Gould, Emanuel Ax ou Wolfram Rieger.
A obra nunca foi dada em Portugal e cabe-nos a nós, a mim e à Rita Blanco, a honra e a alegria de finalmente a estrear na tradução portuguesa de Vítor Moura. Como se costuma dizer: Já não era sem tempo!
Nuno Vieira de Almeida
Interpretação
Rita Blanco narração
Nuno Vieira de Almeida piano, direcção
Notas Suplementares
Richard Strauss Enoch Arden poema de Tennyson (tradução de Vítor Moura)
Preços
Preço: 8 € / 6 € (descontos para maiores de 65 e menores de 30 anos)
Cartão de Amigo aplicável